quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Cuidado com o pagamento de juros

     Hoje estaremos dando ínicio a uma sequencia de três artigos que irão falar a respeito de situações onde pagamos altas taxas de juros muitas vezes apenas por tomar decisões erradas devido a falta de informação.

     Um dos grandes vilões do orçamento doméstico obviamente são as dívidas. Mas as dívidas por si só não representam o maior problema, sendo os juros que incidem sobre essas dívidas o verdadeiro problema. Por isso que muitos dizem que existem as dívidas boas e as dívidas ruins.

     Um exemplo de uma dívida boa é quando, ao comprar um produto essencial, você verifica que o desconto a vista é de 5%, porém, a loja lhe permite o parcelamento da dívida em 10 vezes sem juros. Nesse caso, a opção pelo parcelamento configura-se em uma boa alternativa, visto que, se você deixar esse dinheiro aplicado durante os 10 meses, provavelmente obterá uma valorização maior do que esses 5%.

     Outro investimento muitas vezes considerado como sendo uma boa dívida é a compra da casa própria. Em minha opinião e também na de vários autores de finanças pessoais, isso não é exatamente verdade. Devido às taxas de juros cobradas nos financiamentos habitacionais e também a extensão dos contratos, normalmente acaba-se pagando ao final do contrato o valor de 2 ou 3 casas. Em muitos desses casos, alugar um imóvel, financeiramente dizendo, seria uma opção melhor. Porém, como a compra da casa própria envolve fatores psicológicos e não somente financeiros, acabamos por considerar esse tipo de financiamento, muitas vezes, uma boa dívida. Porém, com relação a esse assunto especificamente, se possível, opte por não entrar em financiamentos muito longos.

     Agora, com relação às dívidas ruins, é muito fácil arrumar diversos exemplos, e o pior é que até algumas dívidas que poderiam não ser tão ruins, conseguimos transformá-las e torná-las ruins. Isso ocorre devido a nosso comportamento e também a falta de conhecimentos básicos de finanças.


     E que situação é essa onde conseguimos deixar as dívidas piores do que poderiam ser? Fácil, vou dar um exemplo que muitos de nós fazemos, inclusive eu mesmo no passado já fiz muito. Imagine que você possua na poupança R$10.000,00, poupados com muito suor, e decide trocar o carro. Ao chegar a loja, você se interessa por um carro de R$31.000,00 e o lojista lhe informa que pode pagar por seu carro R$20.000,00. Você sabe que, se conversar com o gerente, ele com certeza fecharia o negócio se você desse seu carro e mais seus R$10.000,00 que possui guardado. Porém, ao olhar para o extrato do banco, você pensa em todo sacrifício que fez para guardar aquele dinheiro e decide, portanto, financiar com a loja que ofereceu uma ótima taxa de 1,5% a.m., em 24 prestações.

     Pode acreditar que esse é um fato que ocorre muitas vezes todos os dias. A pessoa não entende que, ao preferir deixar na caderneta de poupança um dinheiro rendendo miséria enquanto está pagando juros ao lojista, ao invés de usá-lo e ganhar um desconto na compra do carro e sair da loja sem dívidas, estará optando por uma situação que o fará ter menos dinheiro no futuro.

     Para facilitar o entendimento, vamos mostrar alguns cálculos, considerando então que com a compra a vista você teria R$1.000,00 de desconto e o carro sairia por R$30.000,00. Já, ao optar por deixar o dinheiro na conta e financiar o restante, você estará pagando ao lojista R$11.000,00 mais 1,5% a.m. Iremos considerar que a taxa da poupança é de 0,55% a.m. Vejamos então as situações e como, ao comprar à vista, a pessoa teria mais dinheiro no final do período de 24 meses do financiamento. Algumas fórmulas deixaremos para mostrar quando estivermos falando de matemática financeira.

- 1ª Situação - Parcelado em 24 vezes com taxa de juros de 1,5% ao mês:
Entrada = R$20.000,00 – Carro antigo
Prestações = 24 x R$549,17 = R$13.180,08
Total pago no carro = 33.180,08

Rendimento de R$10.000,00 na poupança em 24 meses = R$11.344,56

     Ou seja, para o caso de parcelamento ao final de 24 meses, você teria o carro quitado, para isso teria pagado R$33.180,08 e teria na poupança R$11.344,56. Agora, vamos à situação de pagamento a vista.

- 2ª Situação - Pagamento a vista com mil reais de desconto:
Entrada = R$20.000,00 – Carro antigo
Restante = R$10.000,00 – Provenientes da poupança

Investimento de R$549,17 na poupança durante 24 meses, com uma taxa de 0,55% a.m.
R$549,17 x 24 meses = R$14.048,34

     Veja que no caso do pagamento a vista o carro sairia por R$30.000,00. Nesse caso, como você está optando pelo pagamento a vista para não ter que pagar R$549,17 todo mês ao lojista, obviamente que esse será o valor a ser depositado todo mês na poupança. Esses depósitos são essenciais! Você tem que ter a consciência de que o valor que estará depositando é o valor da conta que você não estará pagando, devido ao fato de ter tirado o dinheiro da sua poupança. Além do que, se você tivesse esses R$549,17 para pagar financiamento, obrigatoriamente deverá ter esse valor para aplicar em seu investimento. Imagine que ao invés de pagar R$549,17 ao lojista todo mês, você irá pagar esse valor a você mesmo.

     Agora, vejamos a diferença. No primeiro caso, onde você optou por parcelar, além de possuir o carro quitado ao final de 24 meses, o investidor teria em sua poupança R$11.344,56. Já no segundo caso, pagando a vista, o investidor teria, após 24 meses, além do carro quitado, R$14.048,34 na poupança.

     Veja que beleza, ao estudar um pouco a situação e optar pela melhor, o investidor passará a ter, após esses 24 meses, R$2.703,78 a mais em sua poupança do que teria se tivesse optado por não tirar o dinheiro resultante de sua suada economia.

     No próximo post vamos falar de outro caso clássico onde as pessoas cometem a falha grave de pagar juros exorbitantes, o cheque especial. Muitas vezes, ainda preferem pagar essas taxas ao invés de tirar dinheiro de suas aplicações, assim como já mostrado no caso acima. Porém devido ao feriado nosso próximo post estará no ar apenas na proxima quinta-feira dia 14/10.

     Portanto, continue nos acompanhando e não perca o próximo post. Não deixe de participar e comentar sempre que tiver dúvidas os comentários pertinentes.

     Caso ainda não tenha se cadastrado em nosso site, não perca tempo, acesse agora nossa página Cadastre-se e concorra a um dos dois exemplares do livro Á Árvore do Dinheiro que estaremos sorteando.

     E isso aí! Vamos continuar aprendendo e caminhando rumo a nossa independência financeira. Todos juntos em direção ao Sucesso Financeiro Pessoal.

     Abraços e até a próxima.

Escrito por José Messias Ruggieri
Editado e revisado por Karla C. R. Ruggieri



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4 comentários:

  1. Olá, José!



    Parabéns pelo blog, conteúdo informativo e que só vem a acrescentar na instrução financeira das pessoas!



    É isso aí!
    Um grande abraço, e que Deus os abençoe!

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  2. Oi Guilherme,

    Obrigado pela participação, é isso aí nosso interesse é informar e ajudar as pessoas que nos acompanha.

    Abraços e volte sempre!

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  3. Olá Guilherme,

    Obrigado pelo comentário no nosso blog.

    Sobre o assunto, digo que o Brasileiro esta muito longe de obter o conhecimento mínimo de finanças, posso dizer que somos minorias e ainda estamos aprendendo.

    Só para você ter idéia a uns anos atrás quando a Nae trabalhava como atendente no BB ela chegou a fazer aplicação em poupança de dinheiro tirado do cheque especial, só para você ter idéia tamanho analfabetismo financeiro do povo.

    []s
    Julian

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  4. Oi Julian,

    Que triste realidade não é mesmo? Imagine pegar dinheiro no cheque especial para aplicar na poupança, coitado realmente não sabe o que está fazendo.

    E é como digo aqui, o banco e quem trabalha nele faz o que é melhor para ele, ou seja, o interesse é no lucro do banco, então obviamente que se o cliente quer fazer um investimento desses é claro que o banco vai aceitar fazer, mesmo que o cliente esteja no final perdendo dinheiro.

    Obrigado pelo comentário e volte sempre!

    PS. Me nome não é Guilherme é José Messias!

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