segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Cuidado com o pagamento de juros - parte 3

     No post anterior Cuidado com o pagamento de juros - parte 2 falamos do problema do pagamento de juros do cheque especial. Mostramos que, apesar de parecer pouco o valor dos juros pagos no cheque especial para a utilização do mesmo durante poucos dias, o que importa mesmo é entender que nunca valerá a pena deixar um dinheiro aplicado enquanto se utiliza o cheque especial. E que se você não entender e não passar a se comportar da forma correta, dificilmente será um vencedor com relação a suas finanças pessoais.

     Hoje, estaremos falando do perigo do pagamento de juros de uma das modalidades de crédito mais caras existentes, a do cartão de crédito.

     O cartão de crédito, por si só, não deve ser considerado uma opção de pagamento ruim. Pelo contrário, se bem utilizado, o cartão de crédito pode ser um instrumento que irá auxiliá-lo em algumas situações onde sua utilização se mostre vantajosa.

     Atualmente, inclusive existem no mercado diversos cartões de crédito que não cobram taxa de anuidade, ou seja, a não ser por uma boa razão, não existe motivo para você ter um cartão de crédito que cobre anuidade.

    Outro detalhe que deve ser observado, é que antigamente existia um grave problema em diversos estabelecimentos comerciais que aceitavam apenas alguns tipos de cartão, e muitas vezes, não era o cartão que você possuía. Porém, isso não é mais problema, visto que, alguns meses atrás todas as máquinas que antes aceitavam Visa e cartões da rede Mastercard, agora passaram a aceitar todas as bandeiras de cartão. Resumindo, não existe mais necessidade nenhuma de se ter mais de um cartão. Na verdade, com relação a cartão de crédito, em minha opinião, ou você não tem nenhum ou tem apenas um. Nunca tenha vários cartões, ainda mais se você estiver pagando anuidade deles.

    Bom, então, qual é o problema dos cartões de crédito, se hoje em dia eu posso ter apenas um cartão e não pagar anuidade por ele?

     Pois lhe digo, os problemas são dois. O primeiro, é que as pessoas esquecem que o cartão de crédito não lhe dá dinheiro, não gera dinheiro e não faz aparecer dinheiro. Como o próprio nome diz, é um cartão de crédito, ou seja, através dele o banco lhe fornece um crédito, lhe empresta dinheiro.

   Porém, por incrível e trivial que pareça, muitas pessoas utilizam o cartão de crédito como se não soubessem disso. Realizam diversas compras totalmente sem controle e quando recebem a fatura, quase morrem. Bom, o que elas estavam achando? Que o cartão iria liberar a compra, mas não ia cobrar a conta? É claro que iria!

     E esse primeiro grave problema leva ao segundo, maior e mais grave problema. Ao receber a conta, que não imaginavam que seria tão grande, verificam que não possuem condições de pagar, então tomam a pior decisão possível, a de pagar o mínimo do cartão.

     Guarde para sempre o que vou dizer agora. O pagamento do valor mínimo do cartão de crédito é uma das piores coisas que você pode fazer em sua vida financeira. Entendeu? Não? Então vou falar de novo, O PAGAMENTO MÍNIMO DO CARTÃO DE CRÉDITO É UMA DAS PIORES COISAS QUE VOCÊ PODE FAZER EM SUA VIDA FINANCEIRA.

     E sabe por que estou enfatizando isso para você? Pelo simples fato que se você sempre, ao utilizar o cartão de crédito, pagar a totalidade de sua fatura, nunca precisará desembolsar R$1,00 sequer para o pagamento de juros. Nunca!

     Então quer dizer que se eu tiver apenas 1 cartão de crédito que não me cobra anuidade, e eu sempre pagar o total de minhas faturas, eu nunca irei pagar nada ao banco por esse serviço? É isso mesmo! Exatamente isso! Por isso eu digo para você, o cartão de crédito é um instrumento financeiro que, quando bem utilizado, pode inclusive lhe ajudar no seu plano de independência financeira, isso porque ele lhe dá até 40 dias para pagar uma conta pelo mesmo valor que você pagaria hoje. Se você souber utilizá-lo, terá um grande amigo a seu lado.

      Por outro lado, e aqui se encontra o grande problema ao optar pelo pagamento do mínimo, você estará pagando ao banco uma das maiores taxas de juros cobradas pelos bancos brasileiros. Abaixo, apresentarei a taxa cobrada pelos cartões de crédito de alguns dos maiores bancos do país. Você ficará espantado! (Estarei levando em consideração somente taxas oferecidas a clientes normais, visto que clientes especiais, muitas vezes têm desconto nessas taxas, dados de 29/09/2010, e também, considerando o cartão de crédito nacional simples oferecido por esses bancos). Essa taxa que estamos considerando é a do crédito rotativo, aquela que incide sobre o saldo devedor quando o cliente opta por pagar apenas parte de sua fatura.


Banco do Brasil – 13,52% a.m. – 358,00% a.a. - Link Banco do Brasil

Banco Bradesco – 13,7% a.m. – 366,79% a.a. - Link Bradesco

Banco HSBC – 14,69% a.m. – 417,97% - Link HSBC

     Infelizmente só consegui encontrar as taxas de juros praticadas no cartão de crédito nesses três bancos. Mas só com essas informações, dá para se ter uma boa idéia do perigo no pagamento de tais taxas de juros. E com certeza, a taxa cobrada pelos outros bancos não devem diferenciar-se muito dessas apresentadas.

    Para ilustrar, vamos fazer um exemplo numérico, considerando a seguinte situação. Imagine que uma pessoa realize a compra parcelada de um refrigerador e de um fogão por um total de R$3.500,00 divididos em 7 vezes sem juros, ou seja, R$500,00 por mês. Na hora de comprar, ela acreditava que teria condições de pagar os R$500,00 por mês, porém, devido a outros compromissos nos meses subseqüentes, percebeu que teria condições de pagar apenas R$400,00 por mês. Vejamos então o quanto ela teria que desembolsar ao final do pagamento das prestações e em quanto tempo quitaria esses produtos pagando apenas R$400,00 por mês. Vamos considerar que ela possua o cartão de crédito simples oferecido pelo HSBC que cobra 14,69% a.m. no crédito rotativo (Veja através do link acima).

1º mês Fatura = R$500,00
Pagamento = R$400,00
Saldo Devedor = R$100,00

2º mês Fatura = R$500,00 + R$100,00*(1 + 0,1469) = R$500,00 + R$114,69 = R$614,69
Pagamento = R$400,00
Saldo Devedor = R$214,69

3º mês Fatura = R$500,00 + R$214,69*(1 + 0,1469) = R$500,00 + R$246,22 = R$746,22
Pagamento = R$400,00
Saldo Devedor = R$346,22

4º mês Fatura = R$500,00 + R$346,22*(1 + 0,1469) = R$500,00 + R$397,07 = R$897,07
Pagamento = R$400,00
Saldo Devedor = R$497,07

5º mês Fatura = R$500,00 + R$497,07*(1 + 0,1469) = R$500,00 + R$570,09 = R$1070,09
Pagamento = R$400,00
Saldo Devedor = R$670,09

6º mês Fatura = R$500,00 + R$670,09*(1 + 0,1469) = R$500,00 + R$768,53 = R$1268,53
Pagamento = R$400,00
Saldo Devedor = R$868,53

7º mês Fatura = R$500,00 + R$868,53*(1 + 0,1469) = R$500,00 + R$996,12 = R$1496,12
Pagamento = R$400,00
Saldo Devedor = R$1096,11

8º mês Fatura = R$1096,11*(1 + 0,1469) = R$1257,13
Pagamento = R$400,00
Saldo Devedor = R$857,13

9º mês Fatura = R$857,13*(1 + 0,1469) = R$983,04
Pagamento = R$400,00
Saldo Devedor = R$583,04

10º mês Fatura = R$583,04*(1 + 0,1469) = R$668,68
Pagamento = R$400,00
Saldo Devedor = R$268,68

11º mês Fatura = R$268,68*(1 + 0,1469) = R$308,14
Pagamento = R$308,14
Saldo Devedor = R$0,00

Total pago = R$400,00 x 10 + 308,14 = R$4.308,14
Juros totais pagos = R$4.308,14 – R$3.500 = R$808,14
Taxa de juros paga = (R$808,14/R$3.500,00)*100 = 23,08%

     Veja que, devido a falta de planejamento, essa pessoa assumiu uma prestação de R$500,00 por mês, porém, na hora do pagamento viu que poderia pagar apenas R$400,00. O custo disso para essa pessoa é que ela demorou 11 meses para quitar a dívida, ao invés dos 7 meses previstos. O pagamento, que antes era de R$3.500,00 divididos em 7 vezes sem juros, no final, acabou custando a pessoa R$4308,14. Ou seja, essa pessoa pagou de juros em 11 meses R$808,14, ou seja, 23,08%.

     Imagine que em nosso plano de independência financeira ficamos felizes com rendimentos de 1% a.m. que vão lhe proporcionar algo em torno de 12% a.a. Agora, imagine o estrago que o pagamento de 23% de juros em 11 meses fazem a seu orçamento.

     Então, coloque em sua cabeça, se você é uma pessoa que se encaixa nesse exemplo que dei acima, mude agora sua mentalidade, senão, nunca irá atingir seus objetivos financeiros e será sempre um escravo do trabalho.

     É isso espero que tenham gostado, e também de que tenham aprendido que com o cartão de crédito

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     Fique a vontade para comentar e tirar suas dúvidas.

     Abraços e até a próxima.

Escrito por José Messias Ruggieri
Editado e revisado por Karla C. R. Ruggieri



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